O que é viscossuplementação do joelho
A viscossuplementação é o procedimento que consiste na injeção de ácido hialurônico dentro de uma articulação. É, portanto, um tipo de infiltração. Fazemos isso para melhorar a dor e melhorar a mobilidade do joelho, melhorando a qualidade de vida do paciente.
Como é feito o diagnóstico
Normalmente esse procedimento é usado quando um paciente tem artrose (desgaste da cartilagem ), quando o paciente tem dor e limitação para atividades do dia a dia ou dificuldades para realizar algum esporte. A cartilagem é um tecido liso e fino que recobre os ossos na articulação, permitindo um movimento suave e indolor. Com o passar dos anos , com episódios traumáticos que podem danificar o joelho, com exercícios de sobrecarga ao longo do tempo, com o excesso de peso ou obesidade, a cartilagem pode sofrer desgastes de diferentes tipos. Assim, ela pode ficar mais fina como um pneu careca que se desgastou com o uso prolongado. Em alguns casos, a cartilagem pode sofrer fissuras como pequenas “rugas” ou também pode ocorrrer uma perda localizada, como uma “cárie dentária ”. Em situações de artrose avançada, praticamente toda a cartilagem terá sido destruída e ocorrerá o contato direto entre o osso do fêmur e da tíbia. A figura abaixo ilustra estas possibilidades:
Para o bom funcionamento da articulação, também destacamos a existência de um líquido natural que age como um lubrificante, este é o líquido sinovial, composto por diversas substâncias, entre elas o ácido hialurônico. O ácido hialurônico é viscoso e ajuda no equilíbrio articular. A figura abaixo é bem ilustrativa.
Na artrose, além do desgaste da cartilagem, existe uma alteração do líquido sinovial, o ácido hialurônico fica como uma qualidade ruim (imagine um óleo velho) e aparecem substâncias inflamatórias nocivas que causam dor e que aumentam o desgaste articular. Desta forma, quando fazemos uma reposição de ácido hialurônico “novo”, além do fator mecânico de lubrificação, também estamos fazendo uma proteção bioquímica da articulação. Este mecanismo explica por que muitas vezes conseguimos obter um resultado de melhora da dor por um tempo prolongado.
Como o tratamento é realizado
O procedimento consiste na infiltração que é feitq no consultório e é bem rápido. Existem diversos medicamentos disponíveis no mercado, entre eles destacamos: Synvisc® , Euflexxa®, Synolis®, Osteonil®.
Dependendo da apresentação e da experiência do médico, ele poderá completar o “ciclo” em uma ou mais aplicações (neste último caso, as aplicações são feitas com uma semana de intervalo).
Cuidados pós-operatório
Recomendamos a aplicação de uma compressa gelada no dia e no dia seguinte, em aplicações de cerca de 15 minutos. Orientamos também um repouso para atividades mais intensas por 2 dias.
Perguntas e respostas sobre a viscossuplementação
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Tenho artrose dos joelhos, devo fazer a viscossuplementação?
A condição inicial para indicarmos a infiltração com ácido hialurônico é que o paciente tenha um desgaste na cartilagem, ou seja, tenha artrose. Mas não é todo paciente com artrose que precisará fazer uma infiltração. Cabe ao médico, usando da sua experiência e conhecimento , avaliar qual paciente com artrose é considerado um bom candidato para este tratamento. Assim, em linhas gerais, o médico deve ponderar que : – pacientes com artrose leve e queixas de dor leve conseguem melhorar com medidas mais simples, como exercícios de fortalecimento dos membros inferiores e da musculatura do core (abdomen, glúteos e região lombar); – a perda de peso é uma medida adicional que tem bastante impacto nos pacientes que tem artrose e estão acima do peso ou estão obesos; – existem situações em que a artrose é determinada por deformidades ósseas, como um joelho arqueado ou “torto’. Pacientes que tem um joelho acentuadamente valgo ( joelho em X ) ou varo ( joelho para dentro, como um caubói ) são candidatos a uma cirurgia para correção do alinhamento, cirurgia que chamamos de osteotomia. É fundamental corrigirmos a causa da artrose e não somente tratarmos os seus sintomas; – em alguns casos de artrose o paciente pode também ter uma lesão do menisco. O médico terá que avaliar se as queixas se relacionam com essas lesões associadas e individualizar o tratamento, em certas ocasiões o tratamento cirúrgico da lesão do menisco se impõe. Nestes casos, inclusive, ao término da cirurgia, o médico pode complementar o tratamento com uma infiltração de ácido hialurônico com o paciente ainda anestesiado; – existem medicamentos que ajudam no controle da dor da artrose, como condroprotetores (glicosamina e condroitina), colágenos, piascledine, anti-inflamatórios e analgésicos comuns que podem ser usados dentro de uma estratégia mais ampla.
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Por que a infiltração tem uma má fama?
Você já deve ter ouvido falar que a infiltração é um procedimento nocivo e que não cura um problema mas apenas mascara os sintomas. Então vamos explicar a origem desta má fama. Há muitos anos na década de 1960 e 1970, a Ortopedia e a Medicina Esportiva ainda engatinhavam no que diz respeito ao diagnóstico e tratamento das lesões articulares do joelho. Uma lesão de menisco ou de cartilagem, por exemplo, era muito difícil de ser diagnosticada com a precisão que temos hoje. Não existia a Ressonância Magnética ; apenas alguns testes de exames físicos ou um exame bem rudimentar chamado de pneumoartrografia poderiam sugerir uma lesão de menisco. E, havendo a suspeita de uma lesão meniscal, ainda assim a artroscopia não estava disponível para se oferecer uma solução rápida e eficaz. Neste contexto, imaginando um jogador de futebol de alto nível, que tinha compromissos profissionais a cumprir, não era incomum que se propusesse uma infiltração com anestésico e cortisona para aliviar momentaneamente a dor e que assim ele pudesse jogar uma partida ou um campeonato. E, fazendo assim, não era incomum que aquele problema inicial se agravasse. Quando não era mais possível ” empurrar pra frente ” aquela situação com novas infiltrações , uma cirurgia para a retirada completa do menisco era indicada, com graves consequências para aquela articulação e para aquele jogador. E a culpa era jogada em cima das infiltrações. Hoje em dia, conseguimos diagnosticar melhor as diversas patologias que ocorrem nos joelhos . Com a ressonância por exemplo, sabemos exatamente se existe uma lesão do menisco, que parte do menisco está lesionada, que tipo morfológico de ruptura um paciente tem, se existem lesões associadas de cartilagem ou de ligamentos. Entendendo melhor a doença, conseguimos tratar mais precocemente e com os recursos mais modernos, temos hoje resultados bem mais animadores. Por fim, posso dizer que uma infiltração bem indicada, fazendo parte de um planejamento de tratamento mais amplo, é uma excelente opção terapêutica.
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Quais medicamentos são usados em uma infiltração?
– Anestésicos : são absorvidos rapidamente e servem apenas como diluentes quando infiltramos um corticóide associadamente; – Cortisonas ou corticóides: são excenlentes medicamentos anti-inflamatórios e como tais melhoram a inflamação e dor . Destaco o medicamento triancinolona , que tem um grande poder analgésico e longo tempo de ação . Podem ser aplicados como terapia única numa sinovite (inflamação da membrana sinovial) ou podem ser aplicados como terapia adjuvante com o ácido hialurônico; – Ácido hialurônico, usado como lubrificante e também biomodulador; – Plasma Rico em Plaquetas : O PRP, também conhecido como gel plaquetário ou gel de plaquetas, é obtido por meio de centrifugação do sangue total e separação do concentrado de hemácias e, quando submetido a uma nova centrifugação, é separado em concentrado de plaquetas e plasma. O PRP tem sido utilizado em procedimentos de Ortopedia, Cirurgia, Dermatologia e Odontologia. A Anvisa não permite atualmente o seu uso aqui no Brasil. Em diversos países é utilizado com sucesso para o tratamento de artrose e tem um resultado parecido com o ácido hialurônico.
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O que é cirurgia por dupla banda?
O ligamento cruzado anterior é formado por um tecido resistente dentro da articulação do joelho, prendendo-se do fêmur até a tíbia. O ligamento em si é feito de milhares de fibras individuais, que juntos formam o LCA. Algumas dessas fibras são organizadas em feixes distintos e o LCA normal tem dois feixes de fibras primárias. Estes dois feixes estão posicionados bem próximos e em alguns pacientes pode ser difícil de diferenciá-los. Mas sabemos que há dois feixes primários, um anteromedial e um posterolateral.