Ontem atendi uma senhora de meia idade com uma história interessante , me dizendo assim :
” doutor , meus dois ombros doem há muitos anos , as dores pioraram neste último semestre , já fiz duas infiltrações nos dois ombros com um outro médico e não houve melhora , depois das infiltrações até acho que as dores pioraram ; fiz uma ressonância magnética e indicaram uma cirurgia no meu ombro , gostaria de uma segunda opinião “.
Dito isto , procuramos entender melhor o tipo de dor , se doía à noite , se piorava com determinado movimento , onde exatamente doía e , principalmente , passamos ao ponto principal na minha opinião : O EXAME FÍSICO DO PACIENTE.
Duas coisas me chamaram a atenção no exame desta paciente :
- local da dor : o paciente precisava com clareza o local de maior dor na região da “asa” ( principalmente sobre a “pontinha ” superior e medial da escápula , sobre o músculo trapézio . Muitas vezes , os pacientes referem uma dor cervical , uma dor nas costas ou uma dor na escápula , que pode até irradiar para a região propriamente dita do ombro , como uma dor no ombro . Cabe ao médico esmiuçar esta queixa , tanto na história como no exame físico , para chegar a um diagnóstico preciso e , a partir daí , direcionar corretamente o tratamento . Hoje , muitas clínicas ortopédicas são divididas por especialidades e o paciente , ao agendar uma consulta , pode pedir uma consulta com um especialista em ombro e ter , na verdade , uma patologia da coluna cervical ou em outra estrutura . Chegam com frequência trazendo exames caros e muitas vezes com alterações , alterações estas que mais podem atrapalhar do que ajudar no diagnóstico e no tratamento . O ortopedista tem que ter o cuidado em saber valorizar os exames complementares , baseado no principal exame médico , que é o exame físico do seu paciente.
2. tamanho e morfologia das mamas : as mamas da paciente estavam flácidas e em volume grande , elas eram nitidamente pesadas. Seria algo parecido como a figura abaixo .
Com estes dados em mãos , com o exame físico bastante sugestivo , apesar de ter uma ressonância magnética de ombro mostrando discretas alterações nas estruturas tendinosas , pude fazer o seguinte raciocínio diagnóstico e conduta :
- para mim , o problema central da paciente estava no tamanho e morfologia dos seus seios , que causavam um stress mecânico na musculatura e nas estruturas da escápula e da região cervical .
- para mim , a conduta inicial seria realizar uma cirurgia plástica para diminuir as mamas . Assim , encaminhei a paciente para um cirurgião plástico para que ele a avaliasse e , concordando com meu pensamento , realize a cirurgia redutora . Pedi à paciente que retorne comigo após esta operação , para que eu a reexamine e continue seu tratamento .